Crimes têm sido praticados em redes sociais e aplicativos de mensagens
Redes sociais e aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, são terrenos férteis para o crime de pirâmide financeira. Em geral, golpistas aproveitam o desconhecimento dos cidadãos para armar a fraude, que consiste em criar um esquema sob o disfarce de um investimento lucrativo. O crime tem sido mais praticado em tempos de desemprego alto e renda comprimida, quando as pessoas se sentem mais propensas a tentar formas alternativas de ganhar dinheiro.
O advogado Caio Sanas, especializado em mercado financeiro e criptoativos, explica que as pirâmides financeiras têm uma característica particular. “São esquemas que se sustentam ao recrutar novos participantes. As pessoas investem com a expectativa de dobrar ou triplicar o que aportaram. No início, como forma de enganar o participante, isso até acontece. No entanto, chega uma hora que o esquema é desfeito, e os criminosos somem com o dinheiro dos integrantes”, ressalta.
Na prática, o participante mais antigo é pago com o dinheiro investido por novos entrantes, diz o advogado. Contudo, não há nenhum produto que sustente o negócio, embora os participantes acreditem que estejam investindo em uma empresa tradicional.
“Os golpistas evitam falar sobre o produto que a empresa vende. Ou, se falam, inventam uma mercadoria que, na verdade, não existe”, frisa Sanas, também professor convidado da Fundação Getulio Vargas (FGV) e presidente da primeira Comissão de Blockchain e Ativos Virtuais da 36ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de São Paulo (OAB-SP).
“Outras características que evidenciam o golpe são o uso de imagens de famosos, como se celebridades estivessem envolvidas com o suposto negócio, e a promessa de uma rentabilidade altíssima”, salienta o especialista. Isto é, segundo o advogado, a rentabilidade oferecida por esquemas desse tipo supera, e muito, os ganhos médios do mercado financeiro.
“Seria muito curioso que diversos especialistas em finanças estivessem perdendo a oportunidade de lucrar, não é? Isso não faz sentido”, pontua Sanas. Além disso, para forjar o golpe, o advogado destaca que os criminosos costumam tratar o negócio com senso de urgência.
“Eles falam de um jeito como se o eventual participante tivesse pouco tempo para entrar. E, se não entrar logo, perderá a melhor oportunidade da vida. O objetivo disso é impedir que o cidadão pense e pesquisa sobre o assunto”, alerta o advogado.
